21/05/2015

Serra do Gandarela: Cachoeira Viana e Chicadona

BH x Rio Acima: 60km

A 1h de viagem de Belo Horizonte, está a pequena cidade de Rio Acima, muito procurada por trilheiros, seja de bike, moto ou jipe. Na verdade Rio Acima é só um ponto de apoio, as principais trilhas estão perto, mas à leste da cidade, na Serra do Gandarela, região do Alto Rio das Velhas.

Lembro que quando era pequeno costumava passar uns finais de semana e feriados em um sítio na região de Rio Acima, não lembro bem onde. A redescoberta do Gandarela veio bem mais tarde, já na faculdade, precisamente em um trabalho de campo na região. Foi aí que rodei uma boa parte da serra, fiquei sabendo do movimento Águas do Gandarela e da luta do pessoal pela criação de um Parque Nacional na área, para protegê-la da fome insaciável da mineração (a Serra do Gandarela fica em uma região de Minas Gerais conhecida como Quadrilátero Ferrífero, muito rica em minério e onde se concentram muitas minas e cavas de mineração).

No final de 2014 foi aprovada a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, algumas intervenções foram feitas na região, mas o parque continua só existindo no papel. De acordo com os movimentos sociais, na criação do parque ficaram de fora áreas consideradas prioritárias para conservação, que por uma incrível coincidência também são de interesse da mineração.


CACHOEIRA DOS VIANA

Saímos de BH - a Giu e eu - numa manhã de sol com nuvens e temperatura bem agradável. Pegamos algum trânsito na Av. Antônio Carlos (como sempre), mas depois que alcançamos o Anel Rodoviário foi só alegria, pouco movimento de carros até Rio Acima. Após cruzar uma ponte estreita sobre o rio das Velhas, que dá acesso ao centro da cidade, começou nossa jornada. Além de celebrar nosso aniversário de namoro, também era uma oportunidade de testar o GPS eTrex 20 da Garmin. (Abusei do wikiloc desde que comprei o aparelho e também baixei um dos mapas do projeto TrackSource).

Nossa primeira parada era a cachoeira do Viana, a ideia era subir até lá pela Borbolight, uma trilha muito frequentada por MTBs. O caminho é sempre subindo e fazendo curvas, rodeado por uma mata atlântica. A umidade da área e a passagem por rochas lisas fez com que quase escorregássemos umas duas vezes com a moto. Fui de 1ª-2ª até a segunda bifurcação da trilha, onde tinham alguns jipeiros parados. Eles estavam pensando em como superar uma cratera que levou metade da trilha embora. Estávamos a pouco mais de 1km da cachoeira do Viana, vendo a trilha ficar cada vez pior. Os jipeiros resolveram passar quebrando mato e resolvi voltar e chegar ao Viana pelo estradão, não poderia arriscar uma DR com garupa nessa parte final da trilha.

Voltamos até a primeira bifurcação (onde havia placa indicando para o mirante) e, desta vez, fomos pela direita. Logo o asfalto dá lugar a terra e se chega a um bairro, daí é manter à esquerda (continuar na terra) até uma estrada asfaltada, que mais à frente tem uma saída à esquerda (terra de novo). O estradão leva ao alto da Serra do Gandarela, está em boas condições para carros de passeio.


Em algum momento da subida (aprox. 7,5km depois da ponte de Rio Acima e antes de chegar à cachoeira Tinta Roxa), deve-se entrar à esquerda, em um terreno mais arenoso, mas bem batido. Aqui são várias bifurcações, mas todas levam à cachoeira do Viana. Pra quem não está em veículo alto, minha sugestão é se manter à direita neste início, descendo pela estrada arenosa até uma interseção em T. Virar à esquerda nessa interseção e seguir em frente pela trilha. Já próximo à cachoeira, a estrada piora muito, são muitos cascalhos soltos e valas formadas pela passagem de água. De moto dá pra seguir até a ponte da Cachoeira do Viana, mas de carro de passeio é bom seguir o máximo possível e depois deixar estacionado em alguma parte gramada à direita da trilha.

A cachoeira do Viana é pequena, a água escorre pelas pedras sem formar um bom poço para banho - mas ideal para se refrescar, passa por debaixo de uma ponte de concreto e continua caindo, formando outras quedas maiores e mais poços à jusante. Essas outras quedas não são acessíveis por esta trilha para a Viana (pelo menos não visualizei um caminho). É bem provável que a entrada para essa parte baixa seja em um ponto anterior ao qual saímos do estradão.

Frequentemente chegam grupos de bikers e trilheiros nessa cachu, eles costumam se refrescar e seguir viagem. A ponte do Viana também é um mirante, com o dia limpo é possível avistar o Pico Itabirito e a Serra do Curral. O ponto negativo é a quantidade de lixo acumulada nas margens da trilha e espalhada na área.

CACHOEIRA CHICADONA


Já que passaríamos por uma comunidade mais acima na serra, a ideia era almoçar em um restaurante que tem por lá. Ao chegarmos, porém, o estabelecimento estava fechado para uma festa de aniversário, isso explica o som automotivo e TODAS AS PESSOAS olhando pra gente assim que entramos. Embora a responsável pelo local tenha sido muito gentil conosco, nos oferecendo o tropeiro dos aniversariantes, seria um pouco desconfortável sentar à mesa junto a uma família aleatória. Como não estávamos mortos de fome, seguimos sentido Chicadona, pois sabia que haveria algum restaurante/lanchonete lá por perto.

Para nossa grata surpresa, cerca de 1km antes da cachoeira, passamos pelo Recanto da Chicadona, um bar e restaurante bem aconchegante na beira da estrada. O Leonardo nos atendeu muito bem, pedimos uma coca e um tropeiro, que alimenta bem duas pessoas em condições normais (pra quem está morto de fome, o Leo sugere pedir uma guarnição de arroz pra acompanhar). De barriga cheia e depois de conversar com um pouco com o Leo sobre o bar e a região, descemos para a Chicadona.


A cachoeira pode ser vista da estrada e é bem interessante. A parte de cima fica em uma propriedade privada, portanto, a entrada é paga; já a parte de baixo é livre para todos os públicos, basta descer por uma trilha (acessível por um ponto um pouco mais abaixo do estradão).

De moto ou 4x4 dá pra entrar por essa trilha e descer mais um pouco, deixando-a próxima da queda. A parte final dessa trilha que leva ao poço é íngreme e um pouco escorregadia, mas indo de bundinha e se agarrando aos troncos, dá pra chegar susse.

O poço grande e a queda alta formam um belo cenário. Como muitas nuvens já tinha se ocupado do céu, a água parecia mais gelada que o de costume. O local é bom pra nadar, com muitas pedras na parte rasa e um banco de areia à esquerda, o que permite ir entrando aos poucos. Aproveitamos um pouco o local e nos mandamos para o mirante, onde acompanharíamos o fim de tarde.

MIRANTE SERRA DO GANDARELA

Voltamos pela estrada e seguimos em direção ao Restaurante da Cristina, onde passamos depois do Viana. Infelizmente o tempo deu uma boa fechada na região, mas no horizonte ainda era possível ver o sol por trás da Serra do Curral. Passamos pelo mirante “turístico”, que é o que possui indicações por placas desde Rio Acima, além de um monumento sobre o Gandarela.

Depois que apareceu um Jimmy com uma família por lá, decidimos subir mais um pouco, até o mirante mais alto (que segundo o eTrex 20 tem 1675m). Do alto da canga e da serra, o vento não perdoava e as nuvens iam só piorando. Quando o por do sol já se aproximava, uma nuvem espessa resolveu parar na nossa frente, estragando nossos planos. Como a natureza nem sempre é cruel, às vezes a nuvem dava uma rareada e nos presenteava com um horizonte alaranjado.


COMO CHEGAR:
De carro, saindo de Belo Horizonte, siga para a região centro-sul da cidade ou para o Rio de Janeiro pelo Anel Rodoviário. A rodovia de acesso à região é a MG-030, que começa nas proximidades do bairro Belvedere e passa por Nova Lima antes de chegar a Rio Acima. A rodovia é toda asfaltada e duplicada em boa parte de sua extensão.

Ônibus de linha também fazem a ligação de Rio Acima com a capital, o número da linha, horários e itinerário devem ser consultados no site do DER. Vale lembrar que as cachoeiras ficam distantes do centro de Rio Acima e não há transporte público até elas. O jeito é conseguir uma carona ou ir de dedão.

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