29/06/2015

Guia do Parque Nacional Serra do Cipó

ESTA POSTAGEM É SOBRE OS ATRATIVOS PERTENCENTES AO PARQUE NACIONAL DA SERRA DO CIPÓ.


O Parque Nacional da Serra do Cipó está localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a cerca de 100km da capital. A área do parque abrange os municípios de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e Itambé do Mato Dentro; e ocupa a porção sul da Serra do Espinhaço. A unidade foi criada em 1984 para proteger e conservar a diversidade físico-biológica da região (Fonte: ICMBio).






A entrada no parque é gratuita (fevereiro/2017), sendo que somente a portaria 1 (Areias) possui controle de entrada. Atualmente são 3 portarias, todas no distrito de Serra do Cipó (antigo Cardeal Mota). A ideia do conselho gestor do parque, para os próximos anos, é abrir portais no entorno da unidade, em outros municípios. No final de 2015 já foi aberto o primeiro portal, no povoado de Serra dos Alves, em Itabira.


São 8 os atrativos que compõem o cardápio oficial do parque, alcançados por trilhas de nível fácil a moderado, com boa sinalização. Neste post abordamos, além desses 8, os outros atrativos da unidade. O parque é um prato cheio para montanhistas.


Obs.: Não confundir o Parque Nacional da Serra do Cipó com o distrito de Serra do Cipó (antigo Cardeal Mota). A entrada no parque é gratuita; já ao redor, principalmente próximo ao centro do distrito, existem algumas cachoeiras em propriedades privadas que são pagas  (p.ex. Cachoeira Grande, Véu da Noiva, Serra Morena).


PORTARIAS DO PARQUE:


Atualmente são três portarias, todas localizadas no distrito de Serra do Cipó, no município de Santana do Riacho. A principal é a portaria Areias (nº1), que possui boa infraestrutura para o visitante e controle de entrada. É a área do parque que possui as trilhas mais procuradas. Para chegar até ela é preciso entrar numa estrada de terra que tem antes da ponte sobre o Rio Cipó (a estreita) e seguir por 3km por uma estradinha em boas condições até a entrada. O local possui área ampla de estacionamento e aluguel de bikes na porta.


A segunda portaria é a do Retiro (nº2), com acesso todo asfaltado ou calçado. No local fica uma antiga casinha para os funcionários do parque, com infraestrutura básica para os visitantes. O estacionamento é menor que o da portaria Areias. Uma melhor infraestrutura está sendo construída para o visitante, mas as obras aparentam estar paralisadas desde muito tempo. Não há controle de entrada, os funcionários só perguntam se o visitante conhece a trilha e avisam do horário de retorno. Para acessar a portaria 2, siga pela MG-010, entre à direita na terceira rotatória após a ponte sobre o Rio Cipó e siga direto pela rua do Engenho, até encontrar a portaria.


A portaria 3, primeira a existir, é a do Alto Palácio (ou Alto do Palácio), uma antiga sede de fazenda que é utilizada atualmente pelo ICMBio. A sede fica no alto da serra, 3km após a estátua do Juquinha. Para chegar até lá basta seguir pela rodovia MG-010. A entrada pela portaria 3 é controlada, estacionamento somente na área interna do parque. Ponto estratégico para quem pretende fazer as travessias que passam pela parte alta do Parque Nacional ou visitar o Travessão.


CACHOEIRA DA FAROFA (DE BAIXO)


É a mais visitada do Parque Nacional pela facilidade de acesso. A trilha é de nível fácil para experientes, possui cerca de 7km de extensão, é plana e bem sinalizada. O acesso mais fácil é pela portaria Areias e a trilha pode ser feita a pé, de bicicleta ou a cavalo.


O poço possui um tamanho entre pequeno e médio, então se encher fica complicado o banho por lá. A queda também possui uma altura considerável, nos meses de estiagem a água escorre pela parede até chegar ao poço.


CÂNION BANDEIRINHAS
Disponível no Wikiloc.


Um dos grandes atrativos do parque, está a 10km da portaria Areias. Em grande parte a trilha é a mesma que leva a cachoeira da Farofa, praticamente plana, de baixa dificuldade e sinalizada. Pode ser feita a pé ou de bike.



Não existe cachoeira na parte mais acessível do cânion, apenas o ribeirão passando, mas é espetacular! Nos meses de seca a água fica com boa visibilidade, ótima pra pequenos mergulhos com snorkel. É possível avançar pelo cânion e chegar a outros poços. Os mais animados (e experientes) podem seguir desbravando o cânion até encontrar a Cachoeira Braúnas, a cerca de 4km de distância.


CACHOEIRA DO GAVIÃO


Outra cachoeira de fácil acesso do Parque Nacional, a trilha não é tão fácil como as da portaria Areias, mas ainda assim é bem tranquila. O acesso é feito pela portaria Retiro, da guarita até o poço são aproximadamente 6,5km, trajeto sinalizado. É possível fazer esta trilha de bike, mas a dificuldade é um pouco maior pelo relevo um pouco mais acidentado.



A cachoeira do Gavião é a última queda do ribeirão Congonhas, que forma o Complexo Congonhas mais acima. A queda final é pequena e forma um poço de tamanho médio, bom para o banho.


CACHOEIRA ANDORINHAS
Saindo da portaria do Retiro, são aproximadamente 6,5km de caminhada de nível moderado. A trilha é toda sinalizada e exige alguma atenção no trecho final. A primeira parte é pela mesma trilha Retiro x Tombador, um pouco antes de chegar na Cachoeira do Gavião é preciso atravessar o rio Bocaina (à direita da trilha). Depois da travessia do rio basta seguir pela margem, atravessar o córrego Palmital (que forma a cachoeira Andorinhas) e seguir rio acima até chegar ao poço da cachoeira. Essa parte pelo leito do rio não leva mais que 20 minutos, mas é preciso ter atenção em épocas de chuva, já que as pedras podem estar escorregadias.


A Andorinhas possui pequenas quedas em sequência, que formam um poço de tamanho médio, bom para o banho. É possível subir pelas pedras ao lado da cachoeira até encontrar um outro poço na parte superior da queda. Para os mais animados e experientes, dá pra subir rio acima e encontrar as cachoeiras Retiro Velho, Drumond e Fantasma.


CACHOEIRA DO TOMBADOR


A cachoeira do Tombador é a mais distante da portaria Retiro, são cerca de 8km de caminhada até lá. Para chegar basta continuar pela trilha após a cachoeira do Gavião. A dificuldade da trilha é moderada, mais pelo esforço físico (16km ida e volta) do que por um esforço técnico. Das cachoeiras do cardápio do Parque, é a menos visitada.



A queda possui tamanho médio e forma dois poços medianos, mas pouco profundos. Se não fosse pela distância, diria que é um local ideal para ir com crianças. Conheci a cachoeira fazendo uma travessia pela parte alta do Parque Nacional, mais detalhes AQUI.


CACHOEIRA FAROFA DE CIMA
Disponível no Wikiloc.


Muito menos conhecida e badalada que sua parte baixa, a parte alta do ribeirão Farofa oferece tranquilidade em qualquer época. A trilha é de nível moderado, exige um bocado do físico e tem aproximadamente 8km de extensão, boa parte deles subindo. O acesso mais fácil é pela portaria Retiro, a sinalização praticamente inexiste, sendo necessário GPS, bússola ou companhia de alguém que conheça o trajeto.



Na parte alta existem pequenos poços, bons para o banho. A queda possui um tamanho médio e forma um poço pequeno e profundo, bom para o banho.


COMPLEXO CONGONHAS
Disponível no Wikiloc: via Chapéu do Sol, Caminho dos Escravos ou Retiro.


As cachoeiras formadas pelo ribeirão Congonhas, até o presente momento, não fazem parte dos atrativos oficiais do parque (exceto a cachoeira do Gavião, que é a última), mas isso não quer dizer que o acesso seja difícil ou coisa do tipo, pelo contrário. A distância e a dificuldade variam conforme o ponto de partida escolhido para chegar a cachoeira. Tenho conhecimento de quatro pontos de partida, são eles: Pousada Duas Pontes e Restaurante Chapéu do Sol (no alto da serra); Caminho dos Escravos e portaria Retiro (na parte baixa). O tracklog das três últimas rotas estão logo acima. O trajeto mais light é via Chapéu do Sol ou Duas Pontes, por já começar em um ponto mais elevado.


Congonhas de cima
 
Fui ao complexo Congonhas por três vezes, partindo do Chapéu do Sol, Caminho dos Escravos e Retiro. A distância foi praticamente a mesma (pelo menos 8km) e a dificuldade também (moderada). O único porém é que as trilhas não são sinalizadas, então é preciso o auxílio de um GPS, mapa ou a companhia de alguém que já conheça o trajeto. Mais detalhes sobre a caminhada desde o Chapéu do Sol AQUI.


Congonhas do meio
 
O complexo possui três poções, todos de porte médio, e várias piscininhas. Na minha opinião a Congonhas do Meio possui o melhor poço para nadar, mas as outras duas não ficam muito para a trás. Em relação a queda acho a Congonhas de Cima mais bonita, mas é questão de gosto. De qualquer forma, os três locais são muito agradáveis.


Congonhas de baixo
 
TRAVESSÃO


Na porção sul do Espinhaço há uma fenda que rasga a serra de leste a oeste. E, praticamente, no meio desta fenda uma elevação, divisor natural das bacias hidrográficas do Rio das Velhas e do Doce. Trata-se do Travessão, uma passarela para cruzar a serra no sentido norte-sul. Para chegar ao mirante é preciso percorrer 9km por uma trilha de nível moderado. A ida é praticamente só descida e pode ter como partida a Pousada Duas Pontes ou a portaria 3.



Do mirante é possível ter um visual único do vale do rio do Peixe, da bacia do Rio Doce. A trilha é tranquila e tem uma opção de cachoeira no caminho, além de passar por pinturas rupestres e campos de Sempre-vivas. A sinalização é precária, somente pequenos totens. Mais detalhes sobre a caminhada AQUI.


CACHOEIRA BRAÚNAS
Disponível no Wikiloc.


Considerada um dos mitos da Serra do Cipó, embora não seja tão difícil assim chegar até ela. Existem vários caminhos para se chegar ao poço, o mais curto e fácil é via Altamira, um distrito de Nova União, a 80km de BH. São 10km de trilhas bem batidas e sem sinalização. Fizemos uma pernada com pernoite em 2016 (detalhes AQUI) e um bate-volta em 2017, link para o tracklog disponível acima.



A cachoeira é uma das maiores do Parque Nacional, o poço inferior é gigante e bem refrescante no verão. Não há sinalização na trilha para a cachoeira e no entorno do poço somente uma pequena área de camping selvagem. Da primeira vez fizemos a trilha “no escuro”, sem auxílio de GPS ou de alguém que tenha feito o trajeto, mas não recomendo, já que existem muitas bifurcações e o visual no alto da serra nem sempre está limpo. Na segunda tínhamos o trajeto em mãos e fizemos os quase 21km de ida e volta num dia só.

CACHOEIRA PALMITAL
Disponível no Wikiloc.

Cachoeira formada pelo Rio Palmital, numa das porções mais elevadas do Parque Nacional da Serra do Cipó. Saindo da portaria Retiro, são 10.5km (ida) de trilha com dificuldade moderada, com predomínio de aclives.


A cachoeira do Palmital possui uma bonita queda e um poço médio, porém bom para banho.

CACHOEIRA JOÃO FERNANDES
Disponível no Wikiloc.

No mesmo paredão da cachoeira Palmital, porém deslocada para o sul por aproximadamente 2km, está a cachoeira João Fernandes, formada pelo Ribeirão do Gavião. O acesso principal é pela portaria Retiro, a trilha possui dificuldade moderada e cerca de 13km de extensão.



A cachoeira possui uma queda semelhante à da cachoeira Palmital, formando um poço de tamanho também parecido, bom para banho. Devido a sua posição, a luz solar tem dificuldade de bater diretamente na queda. A melhor luz ocorre na parte da tarde, principalmente nos meses de verão.

TRAVESSIA ALTO PALÁCIO X SERRA DOS ALVES
Disponível no Wikiloc.

A primeira travessia "oficial" do Parque Nacional. O percurso oficial cruza o parque no sentido norte-sul, são cerca de 43km de pernada, passando por cenários incríveis do Espinhaço meridional. O roteiro está aberto ao público o ano inteiro, mas é necessário uma autorização do Parque para percorrê-lo. Tal autorização é facilmente obtida pelo e-mail: parna.serradocipo@icmbio.gov.br


No geral é uma trilha de nível moderado, que exige algum preparo físico e, principalmente, a experiência em trekkings longos. Não recomendo para iniciantes na atividade. Como atrativos, a rota passa pelo mirante do Travessão, tem os belos horizontes da Serra do Espinhaço sempre a vista e algumas cachoeiras no fim do 3º dia, destaque para a Cachoeira dos Cristais.

Existe também a possibilidade de fazer a rota completa, começando na portaria Alto Palácio e finalizando na Areias, passando também pelo Travessão, pela cachoeira Braúnas e pelo vale da Lagoa Dourada. São aproximadamente 60km de caminhada, recomenda-se 4 dias para concluir a rota.

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