08/11/2015

PN Serra do Cipó: Cachoeira Farofa de cima (parte alta)

Há algum tempo estava nos meus planos conhecer a parte de cima da cachoeira da Farofa, uma queda pouco conhecida e visitada do Parque Nacional da Serra do Cipó, bem o oposto da queda inferior, que é a mais procurada. A sinalização na trilha é mínima, somente alguns totens e olhe lá. São cerca de 8km de caminhada desde a portaria do Retiro, com direito a uma bela subida pela Serra da Banderinha.

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Saímos de BH numa manhã de sábado sem nuvens. Estava disposto a tentar um caminho diferente para chegar ao Cipó, evitando os milhares de quebra-molas de Lagoa Santa. Então fiz o seguinte: ao invés do caminho normal, todo pela MG-010, entrei na MG-424 após a Cidade Administrativa. De lá segui até o trevo que dá acesso ao aeroporto de Confins, onde entrei à direita na primeira saída. Após uma longa subida da rodovia que leva ao aeroporto, entramos à direita na saída para mineração Lapa Vermelha, daí foi só passar direto pelas rotatórias. Após a mineração, continuamos pelo asfalto e entramos à direita na primeira estrada de terra, que dá acesso ao distrito de Lapinha de Lagoa Santa. São 8km por uma estrada de terra em condições medianas. Chegando a Lapinha, seguimos pelo asfalto à direita, reencontrando a MG-010 um pouco antes da ponte sobre o Rio das Velhas.

Esse desvio acrescenta 10km na viagem até o Cipó, é ótimo para dias nos quais o trecho de Lagoa Santa fica congestionado, tipo início ou fim de feriados. A estrada de terra é tranquila para qualquer veículo.


Como era feriado a estrada estava bem movimentada, próximo a ponte sobre o rio Cipó agentes do DER faziam o controle dos carros, já que só passa um por vez. Fomos direto para a portaria 2 do parque, que tinha algum movimento de pessoas. Deixei a moto na sombra de um pé de manga e começamos a pernada.

Os primeiros 2km de caminhada são pela trilha principal da portaria do Retiro, que leva às cachoeiras Andorinhas, Gaviões e Tombador. No acesso ao Bambuzal, que é sinalizado, descemos em direção ao rio Bocaina. Como estávamos no auge da estiagem, em setembro, o rio estava bem baixo e conseguimos cruzar sem nem precisar tirar as botas. Na outra margem era possível ver a continuação da trilha.

Na outra margem do Bocaina continuamos por um trecho praticamente plano, passando por muitas capoeiras. Após cruzar um pequeno tributário do rio, ladeamos um morrote e demos uma guinada para o sul, onde a trilha começa a longa subida da Serra da Bandeirinha. Até então caminhamos 3,6km em terreno sem muita variação altimétrica.

Em direção ao alto da serra, há uma primeira subida acentuada, que é logo vencida. Começa um aclive suave, por uma espécie de platô, que se estende pelos próximos 1.200 metros. Neste trecho mais suave, cruzamos novamente aquele tributário do Rio Bocaina e acompanhamos ele de perto até chegarmos a um capão de mata. Quando começa o trecho mais sombreado da trilha, logo aparece uns totens no meio do caminho e uma saída à esquerda. A trilho leva a um pequeno poço de águas cristalinas, local bem aconchegante que convida para um banho. Descobrimos esse poço escondido somente na volta, um enorme achado!

Uma das partes mais puxadas da subida tem boa oferta de sombra, o que amenizou um pouco do calor de setembro. A alegria não dura muito e o trecho de mata logo acaba, dando lugar aos campos de altitude com alguns afloramentos rochosos. Conforme vamos caminhando a subida se torna mais suave, até que chegamos ao fim dela. Na parte final da subida há um ponto de água, mas como estávamos no auge da seca ela estava parada. Este é um dos poucos pontos sombreados no final do caminho.

Depois de chegar aos 1.201 metros de elevação, a trilha descreve uma suave descida, onde há uma bifurcação. Havia uma estava pintada de vermelho sinalizando alguma coisa, talvez o antigo projeto de trilhas do Parque Nacional. À direita, são mais 400 metros até o poço da cachoeira. Como tínhamos tempo para explorar o local, resolvemos seguir até a parte alta.

Caminhamos cerca de 400 metros por uma trilha bem batida até o topo da Farofa de cima. Deixamos as coisas na pequena sombra de um arbusto e fomos em direção ao Córrego Farofa. A trilha que seguíamos atravessa o córrego e continua pelo alto da serra, em direção aos Currais. É possível pegar uma variante dessa trilha e seguir até a Cachoeira Braúnas, a cerca de 10km do Córrego Farofa.


No topo da Farofa de Cima o córrego forma diversos poços, pouco profundos e com bastante lodo, já que a água desce calmamente. Aproveitamos para tomar um banho por lá, por volta de 14h30 resolvemos descer para a cachoeira, que era nosso objetivo principal.

A trilha que leva a parte de baixo, após a bifurcação, tem dois trechos íngremes, onde é preciso ter atenção. Atravessamos o córrego Farofa e continuamos pelo trilho até a mata ciliar. Neste ponto o caminho batido acaba, mas é só atravessar o capão de mata do jeito que for mais fácil. Como a vegetação não é muito fechada, acaba por ser uma tarefa tranquila.

Mesmo com a mata ciliar em volta do poço, o local é iluminado em grande parte do dia, diferente da Farofa de baixo. O poço parece uma bacia ou panela, não tem como entrar aos poucos, porque as rochas que barram a água estão bem inclinadas e com algum lodo. Por outro lado dá pra pular pra dentro da água de uma vez, o que é muito bom. A água lá é bem gostosa e a queda é bem bonita. Confesso que esperava menos da Farofa de cima, que me surpreendeu positivamente.

Saímos de lá por volta das 16h, o retorno é tranquilo, já que o relevo é favorável em grande parte da rota. Chegamos a portaria 2 no fim da tarde, com o Sol se pondo. Foi uma caminhada e um banho bom, que serviu pra espantar um pouco do calorão que fazia em BH.


DICAS E INFOS:
Da portaria Retiro até a cachoeira, sem explorações, são 8km de caminhada, que levam por volta de 3h para serem percorridos na ida, em virtude do aclive. São 3,6km de subidas ininterruptas. A trilha possui dificuldade moderada, muito mais pela esforço físico do que pela dificuldade técnica. Há boa disponibilidade de água pelo caminho, mesmo nos meses mais secos.

Como o trajeto é, em grande parte, por áreas abertas, o ideal é caprichar no protetor e usar chapéu. Infraestrutura somente os banheiros e fonte de água na portaria do parque. Não há qualquer sinalização no caminho, mas é uma trilha de navegação tranquila. Dá pra ir sem GPS, desde que a pessoa estude um pouco a rota a ser seguida.

COMO CHEGAR:
De carro, saindo de BH, basta seguir pela MG-010 até a Serra do Cipó. Chegando ao distrito, entre à direita na terceira rotatória e siga pela rua de bloquetes até a entrada do parque. De ônibus, viação Saritur ou Serro, peça pra descer em frente à Padaria Cipó e suba pela rua de bloquete até a portaria. Neste caso, fique atento ao horário de retorno.

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