06/10/2016

Lapinha da Serra III: Bicame

Enfim chegou a hora e a vez da Bicame.


Depois de uma longa espera, de programar diversas formas de chegar nela, de ser impedido por uma tromba d’água (quando visitamos o Soberbo) e de passar perto sem poder ir, conhecemos a cachoeira Bicame. Num sábado querendo ser nublado, saímos de BH para um bate-volta na Lapinha da Serra: Giu, Laila e eu.


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Tratamos de sair cedo de Belo Horizonte, pois são cerca de 130km de casa até a Lapinha, sendo a última parte é por uma estradinha de terra subindo a serra. Como programado, a Laila apareceu por aqui cedo e saímos de casa um pouco depois das 7:30. Depois de um longo período de estiagem, o sábado amanheceu meio nublado, meio ensolarado, com previsão de chuva para o fim da tarde. O pessoal deve ter dado uma desanimada por conta disso, então a viagem seguiu tranquila até o nosso destino.


Chegando a Serra do Cipó, entramos à esquerda na bifurcação que leva a Santana do Riacho. Depois da sede do município começa o trecho de terra até Lapinha da Serra, um bocado de subida por uma estrada em condições medianas, com muitas costelas de vaca. Chegamos ao conhecido “cotovelo” as 09:52 e passamos direto por ele. Após duas porteiras, chegamos ao que era o brejo, que estava seco após tanta estiagem. Normalmente este é o ponto final para carros de passeio. Passamos pelo leito seco e começamos a subir em direção a Fazenda Cachoeira, de longe avistamos um carro que tentava subir um aclive cascalhado. Quando chegamos perto o antigo Chevette se preparava para mais uma tentativa, então pedi passagem para o motorista e subi o morro. De cima conversamos com o pessoal, eles tinham uma corda e resolvemos ajudar. Na primeira o jipito não aguentou, na segunda tracei uma melhor rota e passamos. O Chevette estava mais pra lá do que pra cá, mas conseguiu chegar na entrada da RPPN junto com a gente, até porque o resto da subida era mais tranquila. rs
  

Estacionamos o carro na única sombra possível, além do jipito e do Chevette, havia um Gol parado por lá também. Arrumamos nossas mochilas de ataque e começamos a pernada até a Bicame as 10:30. A trilha na verdade é uma antiga estradinha que ligava Santana do Riacho a Congonhas do Norte e que, atualmente, está interditada pelo IBAMA. No quesito navegação é uma trilha bem tranquila, campos abertos e amplo visual do entorno. Seguimos por ligeiro aclive serra acima, cortando algumas curvas por atalhos, sempre que possível. Próximo a casa do caseiro a subida fica um pouco mais puxada, fizemos uma curva de praticamente 180º à direita pra ganhar elevação. A nossa esquerda uma trilha batida deixava a estradinha rumo a uma cerca. De longe percebi que havia uma cerca com uma plaquinha, mas não quis seguir por lá. Este é um bom atalho pra ida, já que evita a subida mais pesada até a porteira da fazenda. Seguindo por ele, basta atravessar a cerca de arame farpado (não há passagem por ela, tem que passar por fora do último mourão, a beira do barranco) e seguir pelo restante da trilha até chegar próximo a casa do caseiro.


Não pegamos o atalho, então tivemos que subir. As 11:08 chegamos a porteira e começamos a descer em direção a casa, onde chegamos 9 minutos depois. O Sr. Gilson, que cuida do local, estava por lá. Assinamos o livros de visitantes e colocamos nossos nomes no termo do pessoal do Chevette, para poupar tempo. Na casa há bebedouro e banheiros para os caminhantes, também é possível pedir um delicioso e refrescante suco de abacaxi com limão capeta (galego), que tomamos na volta.



Após a casa uma ligeira descida, passamos por um ponto de água (único do trajeto além dos bebedouros, é claro), afluente do Córrego Fundo. Começamos a subir e logo aparecem as placas indicando o caminho para Bicame, aqui deixamos a estradinha e seguimos por uma trilha batida à esquerda. A nossa frente um morrote vai se aproximando e a trilha se direciona para contorná-lo pela esquerda. Continuamos por um aclive suave até alcançar o ponto mais alto do trajeto, 1.353m. Enfim a descida! E ela começou tranquila, alternando com pequenos trechos moderados. Agora tínhamos o visual das encostas do vale do Ribeirão Soberbo e Córrego Fundo, que se encontram em um patamar inferior da serra. O cânion do Rio de Pedras, a jusante do Poço do Soberbo, também ia se revelando. Pra baixo todo santo ajuda e as 12:15 deixamos pra trás o morrote, tendo em nosso horizonte, a oeste, a encantadora queda do Rio de Pedras: Bicame.


Após o mirante a descida de cascalho fica bem acentuada, imaginei como deveria ser bom descer ali de bike, porque ruim mesmo deveria ser a volta. Logo chegamos ao fundo do vale, onde a trilha deixa pra trás os campos rupestres e passa a margear a mata ciliar do Rio de Pedras. Um acesso antecipado ao rio revela um quadro singular: a cachoeira prestes a se revelar por completo, tentando se esconder entre os capões de mata. Cinco minutos depois, as 12:33, temos a cachoeira por completo a nossa frente, sem nenhum véu. Dois pequenos grupos estavam lá, ninguém na água.


Aproveitei o pique pra subir até o topo da cachoeira por uma espécie de drenagem natural, enquanto as meninas se preparavam para entrar na água. No meio do caminho ruínas de um bicame, provavelmente o que dá nome a cachoeira. Rapidamente cheguei na parte superior, tendo a minha frente os diversos degraus e pequenas piscinas do Rio de Pedras. Após contemplar, do alto, o poço da cachoeira e o rio, voltei a parte baixa pra pegar minha recompensa. As águas estavam especialmente refrescantes, enfim a hora e a vez da Bicame!



DICAS E INFOS:
A trilha/estrada até a cachoeira praticamente não apresenta dificuldades ao caminhante, podendo ser classificada como fácil para experientes e moderada para iniciantes, mais pela distância a ser caminhada que por qualquer outro motivo. No quesito navegação não há qualquer dúvida. Não baixei nenhum tracklog para fazer a rota, usava o GPS somente para olhar as horas e marcar os pontos.


Caminhando desde o pé de manga, ponto recomendável de partida para quem não tem um 4x4 ou moto, a pernada tem cerca de 9,3km. Para os que conseguem iniciar na porteira da Fazenda Cachoeira, o trajeto tem cerca de 7,6km. Também é possível fazer o percurso de bike, neste caso classifico a dificuldade como moderada para experientes e difícil para iniciantes.


Somente um ponto de água na rota, que é a casa de identificação. Praticamente não há sombras pelo caminho, por isso chapéu e protetor são fundamentais. As sombras também são raras ao redor da cachoeira. O poço é grande e fundo em alguns pontos, excelente para o banho. Próximo a queda existem algumas pedras e bancos de areia. A cachoeira está voltada para o oeste, então no período da tarde a incidência de Sol é maior. Além disso o local é bem aberto, quase não há sombras no poço.


Em setembro/2016 não havia cobrança de ingresso. A entrada é limitada a 30 pessoas por dia, chegue cedo, principalmente em feriados e nos finais de semana do período de férias. Lembrando que a Bicame está inserida em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e está sujeita às regras dos proprietários. Atualmente o camping é proibido em toda Reserva.


COMO CHEGAR:
De carro, partindo de Belo Horizonte, siga pela MG-010 para a Serra do Cipó. Após cruzar a ponte estreita sobre o Rio Cipó, entre à esquerda na primeira rotatória, para Santana do Riacho. Chegando ao centro da cidade, continue pela principal até começar a estrada de terra que leva a Lapinha da Serra. No cotovelo, curva bem fechada para direita, siga reto até a segunda porteira, onde fica o pé de manga. Se estiver em 4x4 ou moto, cruze o brejinho e continue até a porteira da RPPN Ermos dos Gerais.

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