01/09/2017

Travessia Altamira x Serra do Cipó

Uma caminhada mais extensa que a tradicional Altamira x São José da Serra, cobrindo toda a extensão da Serra da Lagoa Dourada me passou pela cabeça e não quis ir embora. Depois de percorrer a Serra Fina e a Serra dos Órgãos, era hora de retornar ao Espinhaço para percorrer um de seus mais belos cenários. E assim aconteceu a travessia de Altamira a Serra do Cipó.


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1º dia: Altamira x Cachoeira da Lagoa Dourada


De última hora combinei os detalhes com o Paulo e tive a boa notícia de que o pai dele nos levaria até o ponto inicial. Altamira não é dos povoados mais isolados, mas o acesso também não é dos mais fáceis, sendo preciso uma boa dose de paciência para chegar através de transporte público.


Por volta de 9:30 Sr. Antônio e o Paulo passaram na minha casa, de onde partimos para Altamira, um pequeno distrito de Nova União a cerca de 75km de Belo Horizonte. Como toda viagem pela BR-381, fomos devagar e só desembarcamos por volta de 11:40, a cerca de 3,8km do centrinho de Altamira, em frente a duas porteiras e uma dúzia de vacas que descansavam sob um Sol quente de agosto.


Começamos a pesada subida inicial, primeiramente por uma estradinha da propriedade. A trilha vai se deslocando para a esquerda, se aproximando de uma cerca de arame farpado com aparência de nova. Continuamos mantendo à direita, na expectativa de encontrar alguma tronqueira ou passagem pela cerca, mas nada apareceu. Quando percebi que tomávamos um rumo ligeiramente diferente do trilho a ser seguido, resolvi por pular a cerca de arame e interceptar o caminho certo. A trilha deixa pra trás um pasto seco e começa a se embrenhar numa mistura de cerrado com capoeira. Depois de 850 metros de subida chegamos a uma tronqueira velha, quase desabando. Para minha surpresa ela estava trancada com cadeado, pode ser que o proprietário do terreno realmente não deseja que caminhantes passem por ali.


O relevo dá uma estabilizada, mas continua subindo entre manchas de cerrado e campos de altitude. A trilha passa por curtos capões de mata, por onde correm alguns afluentes do Rio Preto. Este trecho pelo alto da serra alterna uma trilha batida com alguns trechos “sujos”, com vegetação tomando conta, principalmente nas proximidades dos capões de mata.

Um dos poucos capões do caminho


Depois de aproximadamente 4,3km, em um trecho de campo de altitude, percebo que a trilha vai se dirigindo para o oeste, sendo que adiante é possível visualizar sua continuação em direção ao topo da Serra da Lagoa Dourada. Neste ponto o caminho mais comum é continuar seguindo para o norte, ignorando o trilho mais batido serra acima. Por alguns metros caminhamos por trilhas sujas ou em trechos sem pisoteio, até interceptar o trilho principal para o norte adiante.


Cruzamos mais um capão de mata, em seu interior outro afluente do Rio Preto. Aqui o Google informa que estamos nas proximidades da Cachoeira do Marimbondo. Mais um morro pela frente, ao final da subida uma olhada para trás para apreciar o belo caminho que já percorremos. Adiante mais um vale e o belo visual da Serra da Mutuca, à direita.

A descida está bem erodida, na outra vertente do vale é possível visualizar trilhas que seguem serra acima. Depois de 6,5km, às 14:51 chegamos ao córrego que forma a Cachoeira Alta (de Altamira). Diante do forte calor a sombra daquele capão de mata era um alento, então fizemos uma parada para lanche e descanso. Após cruzar o capão, pegamos uma trilha perpendicular à direita, que leva ao topo da Cachoeira Alta. A caminhada é curta, com pouco mais de 300 metros, logo chegamos a um lajeado, por onde a água escorre e forma a queda. Não é possível ver o poço inferior da cachoeira, mas no topo há pelo menos um bom pocinho para banho. No caminho também há uma área boa para acampamento, para os que desejam aproveitar melhor o local. Pelo adiantar da hora só nos foi possível passar o olho no local e seguir a pernada.


Vamos por um leve aclive e, pouco mais de 500m após o capão tomamos à esquerda em uma bifurcação. Por volta das 16:00 chegamos ao ponto mais alto do dia e da travessia: 1.472m de elevação segundo o GPS, no divisor de bacias da Serra da Lagoa Dourada. Agora por uma leve descida, mantemos à direita numa bifurcação e passamos por alguns afloramentos rochosos. Adiante mantemos à esquerda em uma outra bifurcação e a descida vai ficando cada vez mais acentuada. Caminhamos em uns trechos sem trilha definida, entre pedregulhos e drenagens secas.

Vista para Serra dos Confins


O relevo se estabiliza por algumas dezenas de metros até cruzamos o Rio Jabuticatubas, ainda pequeno, às 16:30. Adiante começa uma forte descida, com muito cascalho, até o fundo do vale. Alguns escorregões foram inevitáveis rs. Passamos por uma tronqueira e, enfim, terminou a descida. Continuamos pela trilha, sentido norte, mas logo optei por descer à esquerda, em direção ao rio, e cruzá-lo. Na margem esquerda a trilha segue com menos dificuldade até o cânion, passando por pontos mais secos.


Cruzamos o Jabuticatubas às 16:53 e ainda restavam mais 4km. No fundo do vale a caminhada é super tranquila, praticamente plana, e dá pra desenvolver um bom ritmo. Por campos de altitude e manchas de cerrado seguimos praticamente no rumo, pegando carona em uma das várias trilhas de gado da região. Passamos por pequenos afluentes que encorpam o Rio Jabuticatubas e também por um curto trecho de charco. A medida que avançávamos fomos percebendo que uma boa parte da vegetação havia sido sapecada pelo fogo recentemente.


Próximo ao cânion, a trilha principal segue para esquerda, se embrenhando num trecho de cerrado. Sem querer dar mais voltas, ignoro a principal e caminho por um campo de altitude com um ligeiro rastro de trilha até reencontrar o Rio Jabuticatubas um pouco acima da cachoeira da Lagoa Dourada (nomeada como Cachoeira das Fadas no Google). Cruzamos o rio pela terceira vez às 17:56. Caminhamos mais uma centena de metros e arranchamos no local que costuma ser utilizado como acampamento. É uma área de solo raso, bem dura, então barracas que não são autoportantes podem ter trabalho. Subindo o rio Jabuticatubas há outras áreas atraentes, talvez mais confortáveis. Por conta disso o ideal é chegar à área de acampamento ainda de dia, pra avaliar melhor as condições do local e entorno.


Durante a noite fizemos uma janta no capricho, comemos até. O vento cortava com força, trazendo consigo alguma sensação de frio. O céu estava um pouco escuro, mas foi possível apreciar um pouco das estrelas. Do alto de uma árvore foi possível pegar sinal de celular (incostante) e tentar mandar algumas mensagens para casa.


Fundo do vale

Neste dia caminhamos 15,7km, descontado os erros.


2º dia: Cachoeira da Lagoa Dourada x Serra do Cipó


O dia clareou, mas o Sol demorou um pouco para iluminar o vale do Rio Jabuticatubas. Aproveitei pra fazer uma boa hora dentro da barraca e só saí quando começou a esquentar. rs. O céu estava bem aberto e o Sol já sapecava desde cedo. Fiz umas caminhadas no entorno do camping, tentando observar se a trilha Braúnas x Lagoa Dourada, que constava no GPS, realmente existia e se estava batida ou de fácil identificação. Pelo menos um fiapo dela eu consegui identificar, que vai margeando o rio Jabuticatubas no sentido leste. Depois a trilha dá uma sumida e, como estava de chinelo, decidi parar por aí. Se não foi possível identificar o restante da trilha, como recompensa encontrei um belo remanso do rio, onde era possível nadar com tranquilidade (já que as cachoeiras do cânion ainda estavam na sombra).


Chamei e o Paulo e ele animou de fazer umas imagens de drone para seu canal, o Tico Tico TV. Realmente o Vale da Lagoa Dourada é bem fotogênico. rs. Depois de alguns pulos num rio de águas bem refrescantes, resolvemos descer para a cachoeira, já que o Sol já brilhava alto num céu azul. No caminho de volta percebemos que algumas pessoas já estavam chegando no local, provavelmente integrantes de algum grupo de caminhada/passeio (e realmente eram).


Rio Jabuticatubas

Antes da multidão chegar resolvemos descer para aproveitar melhor o local. Havia somente um casal no local, que tinha acampado numa área vizinha a nossa. A cachoeira é relativamente pequena, se comparada a outras do Espinhaço e região. O poço também é pequeno, mas ótimo para o banho. Facilmente é possível chegar a queda para tomar aquela ducha.


Tão logo o local encheu, resolvemos voltar para o acampamento e ajeitar nossas tralhas para o restante da caminhada. A ideia era chegar ao Cipó até 17h, pois tinha conseguido uma carona de volta pra BH com o Chico, que estava levando um grupo para uma caminhada até a Cachoeira Congonhas.


Tudo empacotado na mochila, fizemos um lanche reforçado e pé na taba. Saímos às 12:56 sob um Sol senegalês e um calor de derreter os miolos. Saímos do camping no sentido nordeste, passando por cima de um antigo curral, ainda cercado. Paramos numa pequena tronqueira para uma foto de equipe, rs, e começamos a caminhar pra valer.


Saindo das margens do rio, vamos por uma subida suave com cerca de 2km de extensão. Neste trecho a trilha é de fácil orientação. A vegetação no entorno estava bem sapecada, nas vertentes da Serra da Lagoa Dourada o fogo desenhou listras negras que contrastavam com o verde dos campos rupestres. Tamanho era a área queimada que duvidei que conseguiríamos pegar água num dos afluentes do Rio Jabuticatubas. E foi por pouco, chegando ao local somente um fio d’água corria, o suficiente para encher nossas garrafas e nos ajudar a amenizar o calor e a secura.


Depois de 2,7km, no começo da descida, ignoramos o trilho batido à esquerda, que segue para São José da Serra, e tomamos uma saída discreta à direita. Logo começa uma descida pesada e bem cascalhada, um trecho bem chato de caminhar. É preciso ter cuidado para evitar escorregões e possíveis torções. A descida alternava trechos acentuados com uma espécie de platô, que servia para descansar os joelhos.


Cachoeira da Lagoa Dourada

Para além da metade da descia, um trilho direto sai perpendicularmente à direita, levando ao leito de um dos afluentes do Ribeirão das Areias. Ali se encontra uma interessante caverninha, desci rapidamente só para ver como era e pude observar a entrada da caverna. O microclima na entrada da caverninha, fresco e úmido, era totalmente diferente do que enfrentávamos em campo aberto. Sem tempo para explorar o local retorno ao trilho principal e seguimos descendo numa área de transição entre campo rupestre e cerrado.


Ao fim da descida passamos por uma tronqueira velha e entramos em um capão de mata, onde corre o Ribeirão das Areias, um verdadeiro oásis. Aproveitamos a água fresca para amenizar o calorão e reabastecer as garrafinhas. Às 14:26 deixamos o local, dali em diante a trilha se transformava numa estradinha de uso interno do Parque Nacional da Serra do Cipó.


Neste trecho do Ribeirão Areias até a saída do Parque a caminhada se desenvolve à esquerda do ribeirão. Como é um trecho mais aberto, há pouquíssima sombra no caminho. Ao menos o relevo é favorável, alternando descidas longas e suaves com subidinhas curtas. Passamos por alguns charcos, sempre seguindo pela estradinha. Boa parte deste trecho possui sinal de celular (VIVO). À leste podemos observar grande parte da extensão da Serra da Bandeirinha e pontos inconfundíveis como a Cachoeira da Farofa de cima e de baixo.


O sol realmente estava de matar. Desejava aquelas águas refrescantes do Rio Jabuticatibas. A nossa esquerda um cerrado com suas folhas em tons de laranja e vermelho parecia em chamas. Foram 5km que pareceram 10 até que chegamos ao acesso para a Cachoeira do S e Capão dos Palmitos, que na verdade são corredeiras e pequenas quedas do Ribeirão das Areias.


Depois da bifurcação uma subida curta precede uma longa descida, estamos cruzando a Serra das Areias. Numa primeira bifurcação mantemos à esquerda, seguindo pela estradinha. Na segunda bifurcação também mantemos à esquerda, continuando a caminhada por uma estradinha em condições piores. Este é um atalho para a Serra do Cipó, que não passa pela portaria do Parque Nacional.


Cruzamos um leito de riacho seco e alguns minutos depois uma cerca, onde havia uma placa do Parque Nacional da Serra do Cipó. Seguimos por uma estradinha com amplo visual do vale dos Mascates e Bocaina, onde também é possível observar a porção oeste do Travessão. Belíssimo visual já nos momentos finais da caminhada. Seguimos descendo por uma estradinha em péssimo estado, numa transição entre cerrado e capoeira. Vou me distraindo com o celular e acabo passando direto por um atalho. O jeito foi entrar à esquerda na primeira saída que vi, interceptando a estradinha de acesso ao parque mais abaixo. Às 16:22 pulamos a cerca e começamos a caminhar pela poeirenta estrada, por sorte o movimento de veículos foi mínimo. Passamos por alguns sítios, casas, pousadas, pela antiga entrada da Cachoeira Grande e às 16:59 chegamos ao Hotel Cipó Veraneio, na beira da rodovia MG-010, nosso ponto final.


Enquanto nosso possível resgate não chegava, fomos pra uma venda numa rua lateral, próximo ao hotel. Devidamente hidratados, depois de um tempo recebi a ligação do Chico e foi só aguardar a van. Saiu melhor que a encomenda. rs. Depois de uma viagem rápida chegamos a BH e ainda saltei próximo de casa.


Neste dia caminhamos 16km. No total caminhamos 31,7km.

Descida para o Cipó


A travessia Altamira x Serra do Cipó é uma das inúmeras opções pelo sul do Espinhaço. É um pouco mais longa que a rota até São José da Serra, com a vantagem de ter a logística por transporte coletivo facilitada. É uma travessia pouco frequentada, algumas excursões esporádicas passam pelo local, mas o movimento maior é dos gados. O vale da Lagoa Dourada tem um dos cenários mais belos dessa região do Espinhaço, caminhar por lá durante a tarde, com o Sol um pouco mais baixo é garantia de espetáculo, um colírio para os olhos de qualquer montanhista.


DICAS E INFOS:


A travessia é de baixa dificuldade técnica, os trechos de maior atenção (descidas e subidas acentuadas e cascalhadas) são relativamente curtos e rapidamente superados. De uma forma geral, a Altamira x Serra do Cipó pode ser classificada como de dificuldade moderada, já que exige alguma experiência em acampamentos ao natural e condição física para o transporte de cargueiras. É uma ótima opção como primeira travessia para quem deseja ingressar na atividade.


Em relação a água, mesmo na sequidão do inverno, a travessia possui uma boa oferta, não sendo necessário carregar mais que 1L d’água.


Para os que desejam uma coisa ainda mais tranquila, a travessia pode ser feita em 3 dias, com pernoite no topo da Cachoeira Alta (de Altamira) e acima da Cachoeira da Lagoa Dourada. 2 dias também é perfeitamente possível, mas para as pessoas que não tem bom condicionamento físico ou costume de andar, o ideal é começar cedo (até 11h) pra ir com calma. Com pouca carga e com um bom preparo físico, pessoas experientes em trekking conseguem fazer a rota em um dia, mas aí é providencial começar cedo (até 8h) pra não caminhar no escuro.


Sinal de celular em alguns pontos da rota, principalmente na descida para a Serra do Cipó. No topo da cachoeira da Lagoa Dourada o sinal (VIVO) é inconstante.
A travessia possui algumas rotas de escape, no primeiro dia pode ser considerado o retorno para Altamira. No segundo dia a opção é pegar a trilha para São José da Serra, a cerca de 8km da área de acampamento.


Ao longo do vale do Rio Jabuticatubas passamos em várias áreas que podem servir para acampamento, caso o caminhante chegue ao vale muito tarde ou opte por não seguir até a cachoeira. Na área acima da cachoeira da Lagoa Dourada há alguns relatos sobre aparecimento de escorpiões. Não nos deparamos com nenhum, mas tome cuidado com as cargueiras, botas e na hora de desmontar a barraca. Venta muito na região durante a noite, mesmo que sua barraca seja autoportante tente fixá-la com espeques ou com as cordinhas.


O ideal é fazer essa travessia no inverno e com tempo seco. No período chuvoso ou mesmo sob chuva a travessia se torna mais penosa, já que alguns afluentes ganham corpo e os charcos ficam maiores. No inverno é preciso ter atenção com os focos de incêndio, que são comuns na região.


LOGÍSTICA:


Usando como referência Belo Horizonte, a travessia tem início nos arredores de Altamira, distrito de Nova União, a cerca de 80km da capital. O acesso principal é via BR-381, saída para o Espírito Santo/Vale do Aço. O ponto final é nas margens da rodovia MG-010, ao lado do Hotel Cipó Veraneio, nas imediações do distrito de Serra do Cipó, pertencente a Santana do Riacho. Da ponte sobre o rio Cipó até BH são cerca de 100km.


Como a maioria das travessias, Altamira x Serra do Cipó possui em suas extremidades pontos distantes por via rodoviária. Caso opte por ir de carro, combine com alguém para deixar e buscar.


É possível fazer a logística toda em transporte coletivo. Caso a saída seja de BH, há a linha Terminal São Gabriel x Nova União (linha 4882, consultar site do DER). São quatro horários diários, o ideal para quem pretende ir e começar no mesmo dia é pegar o carro das 6:30. O trajeto Nova União x Altamira pode ser feito pela empresa Transtatão, o horário de saída é por volta das 11h. Outra opção é pegar um táxi na praça de Nova União até Altamira, valor a combinar. De Nova União a Altamira são 16km, maior parte por estrada de terra em boas condições. A trilha não tem início no centro de Altamira, mas nos seus arredores. De táxi peça para ficar no começo da trilha, a cerca de 4km da praça principal. Se for de ônibus, o jeito é ir andando ou arrumar uma carona em Altamira.


O retorno pode ser feito em ônibus de viagem, da Viação Saritur ou Serro. É bom confirmar os horários antes de partir pra travessia. Antes da nossa partida, pesquisei e vi que era dois carros entre 15 e 15:30 e o último carro às 19:25. Vale lembrar que os ônibus não saem do distrito de Serra do Cipó, mas de outras cidades, então o horário não é 100%.

No nosso caso, conseguimos que o pai do Paulinho nos levasse até o começo da trilha. Durante o retorno aconteceu a coincidência do nosso amigo Francisco Cardoso ter ido para o Cipó de van com alguns lugares sobrando. Então fomos poupados dos momentos mais difíceis de uma travessia. rs.

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